Nós portugueses estamos mais do que habituados ao “vai-não-vai” das coisas e da vida. Ser português significa exactamente viver em pacto com a incerteza e nós gostamos, acreditem que sim! Somos mesmo um tanto ou quanto simplórios. Se repararem na vida de um português nunca nada está bem, há sempre qualquer coisinha da qual temos que nos queixar. Eu até ainda não percebi porque é que sempre que encontramos alguém a primeira coisa que nos sai da boca é “Então, tudo bem?”, e a resposta será sempre seguida de algo do género “Sim, está tudo bem! A minha Marisa é que não anda lá muito católica, coitada, anda com gripe e até pegou ao meu Hélder. Agora estão os dois em casa e como estão de resguardo tive que vir à Segurança Social a pé e está uma fila dos diabos, justo num dia com esta chuva e em que há greve dos autocarros! Olhe, estamos á feição de Deus, não é?”.
É por estas a por outras que o Fado, mesmo sendo corridinho, nunca diz nada de alegre.O que nos vale é que isto é geral, não são somente meia dúzia, são mesmo a grande maioria dos portugueses a serem assim. É por isso que sobrevivemos e a nossa raça há-de proliferar até ao infinito e mais além. Tenho-vos a dizer que estas questões da crise, do orçamento de estado e das medidas de austeridade até são favoráveis ao desenvolvimento da nossa espécie que fica assim mais assegurada. Com estes tópicos o povo português tem mais assuntos negativos para falar e comentar e melhor ainda, é um mal comum, ou seja, podemos perfeitamente falar disto com os nossos vizinhos sem ter inveja de ninguém. Assim, dentro da desgraça nacional, vamos-nos sentido mais confortáveis porque a Leninha do 3º direito e o To Zé do rés do chão também sofrem com a crise. É a vida!
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