O síndrome da gaveta aberta e da porta fechada

As minhas gatas são dois seres muito especiais e particulares. Têm hábitos incomuns, feitios difíceis e manias que me deixam de cabelos em pé.

Com o Inverno, sempre que comemos na cozinha, fechamos a porta da marquise porque sentimos sempre uma corrente de ar desagradável que vem dos respiro que não fecham. Mal a porta se feche, é ver a Xiaoyu correr para a cozinha e sentar-se junto da porta da marquise para 5 segundos depois começar com um miar desesperado! Nos inícios ainda julgávamos que ela queria fazer a sua vidinha no caixote que está na marquise e abríamos a porta mas mal a porta se abria, ela dava meia volta e ia embora. Como é óbvio, voltávamos a fechar a porta e imediatamente ela voltava a correr e fazia o mesmo. Chamamos a isto o síndrome da porta fechada que começamos a combater através da teoria complexa do meu marido: não abrir a porta. Acontece que o miar dela chega a ser irritante porque parece mesmo que está desesperada. Sentimos que aquilo lhe faz muita confusão mas não percebemos a razão, no entanto lá vamos fazendo a vontade à gata, não quero que ela entre em depressão...

A Lalami, a outra gata, também possui um síndrome muito peculiar. A desgraçada não pode ver uma gaveta aberta que se enfia logo lá dentro mas denote-se que é qualquer gaveta, não só a das meias, ou das camisolas onde há coisas fofinhas, não. Ela mete-se em qualquer gaveta, mesmo na dos talheres onde não cabe e onde fica só de cabeça escondida porque o resto do corpo já não entra. E não importa que a gaveta esteja entreaberta porque a Lalami resolve logo o problema abrindo-a por completo com perícia, justo ela que não abre portas quando estão encostadas e fica a miar até que alguém vá abrir para ela passar... mas gavetas abre!

Não adianta resmungar com elas porque elas não aprendem, ficam amuadas e vão deitar-se no ninho com a cabeça baixa e a olhar para mim. Claro que depois fico cheia de pena e as vou encher de beijos, não tenho remédio!

Isto são elas em frente do televisor da sala e não adianta reclamar porque elas não saem a não ser que se atire algo. O que vale é que o plasma até é grande e ainda consigo ver qualquer coisa, no do quarto já não tenho tanta sorte!