
Eu, Carlota, me confesso: sou preguiçosa até mais não! É verdade minha gente, sou muito preguiçosa e confesso hoje isto porque se há coisa que nunca me apetece fazer é tirar a papelada do correio...
Sou sempre a primeira a chegar à minha humilde habitação e com tal deveria ser eu a tirar o correio mas nunca o faço, admito. Meticulosamente levanto a tampa da caixa e espreito lá para dentro para ver se tem alguma carta, mas se não me parecer que lá dentro jaz algo de importante fecho a tampa e volto costas à coisa deixando que depois o marido traga para cima os folhetos dos supermercados, da Pizza Hut e das viagens de carreira para o sul de Espanha.
Ora hoje a caixa estava repleta dessas porcarias. Pude constatar isso até antes de chegar perto daquilo porque a tampa nem fechava. Como boa preguiçosa que sou nem se quer me dei ao trabalho de ver se tinha algo de importante, porque se o fizesse aos meus pés caíram certamente os 6 folhetos do Pingo Doce que estavam lá dentro. Peloamordedeus, já me basta ter que levar com a música na televisão 5 vezes a cada intervalo da novela, não me faltava mais nada ter que levar com os folhetos!
O marido, que chega sempre a casa por volta da hora do jantar, trouxe para cima todo o entulho que entupia a nossa caixa de correio mais umas quantas coisas penduradas em cima dele, já que um dos seus hobbies preferidos é trazer tralha cá para casa (enquanto escrevo ele está no escritório a fazer mais um computador e desta feita é um novo, dentro de uma caixa do IKEA, mas é bom marido a sério!). No meio de toda a papelada que ele trouxe para cima estava uma humilde notificação dos correios informando-me de que tinham uma encomenda em meu nome para levantar. Curiosa, voltei o papel para tentar perceber quem me tinha enviado o quê mas não percebi nada do que ali estava gatafunhado. Depois de algum esforço percebi que um tal de Carlos Rocha era o emissor da encomenda. "Mas eu não conheço nenhum Carlos Rocha!", disse eu ao marido enquanto ele se ocupava de deitar os folhetos do Pingo Doce ao lixo. Voltei a ler com mais atenção e percebi que Carlos Rocha era o nome do carteiro que tinha deixado o aviso, (eu disse que não conhecia ninguém com aquele nome) e que afinal encomenda tinha sido enviada pela empresa ASCENDI.
Nesse momento fez-se luz e pareceu-me ouvir alguma espécie de música celestial encher a minha cozinha e misturando-se com o barulho do exaustor. "Fabuloso!", pensei eu ao constatar que depois de quase 4 meses o meu DEM estava apenas a algumas centenas de metros de distância de mim, na estação de correios da minha freguesia. Aquela coisinha de plástico pela qual paguei 37,00€ vai finalmente ser colada ao vidro do meu carro!
Para quem não se lembra, outrora edifiquei este post na esperança de que o meu DEM se tornasse no D. Sebastião dos tempos modernos e que chegaria um dia, quem sabe, numa manhã de nevoeiro. A história não foi bem essa porque ele não chegou de surpresa, veio um aviso primeiro, mas mesmo assim não posso deixar de demonstrar a minha alegria perante tal situação. A minha única questão depois de tudo isso é somente uma: será que o D. Sebastião virá um dia também? Eu acho que sim, acreditai portugueses!
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