29 de novembro de 2010

Os meus horrores de Natal - O Pai Natal dançante

Não sei se já repararam que mesmo que o Natal não seja a coisa de que mais gostamos na vida, somos quase que obrigados a pensar nela mal o mês de Outubro chega. De um dia para o outro entramos num centro comercial e o Natal já está em todas as montras, pendurado nos tectos e nos corrimões! Até a música ambiente muda e a Mariah Carey canta "All I Want for Christmas is You" de 5 em 5 minutos, alternando com "Last Christmas" dos Wham!. É de uma pessoa bradar aos céus e recorrer a algum aconselhamento psicológico...

No outro dia recebi um telefonema da minha mãe que está algures pelo mundo onde o calor abunda, ao contrário daqui, perguntando-me se já tinha feito a árvore de Natal e ao que eu respondi de imediato "Não! Achas?!". Depois de ela me ter dito que "é sempre bonito ter a árvore de Natal na sala", lá consegui ardilosamente despistar os pensamentos dela para outra coisa que não a árvore, mas 5 minutos depois voltou ao assunto e eu acabei por admitir que nem se quer tinha comprado uma! Óbvio que ela disse para eu ir buscar a dela mas recusei delicadamente dizendo que isso ficava para o ano, quem sabe...
Depois de mais uns dedos de conversa desliguei o telefone e recordei as épocas em que chegava o fatídico dia em que a minha mãe organizava as tropas (eu, o meu pai e a gata) para dar inicio ao processo de decorar a casa para a época natalícia. Primeiro eu e o meu pai tínhamos que nos embrenhar de forma engenhosa nos arrumos da garagem para procurar as caixas com os enfeites e a árvore que curiosamente nunca estavam onde a minha mãe afirmava. Depois de muita luta, lá encontrávamos as c
aixas e arrastávamos tudo escadaria acima para finalmente colocarmos as caixas poeirentas no meio da sala.
A sala não era lá muito grande, ao contrário da árvore que parecia o cavalo de Tróia! A minha mãe então decidia sempre que não se montaria a árvore toda uma vez que supostamente ficaria colocada a um canto. Então a árvore era montada de forma falsa e encostada ao canto da sala enquanto na verdade a sua parte de trás não continha qualquer ramo, apenas na frente. o meu pai como era muito dado a estas coisas lá conseguia colocar aquilo de uma forma que não se percebesse a falha mas dentro da minha mente a verdade era inevitável: eu tinha uma árvore incompleta! Depois de tirar as tralhas e os e
nfeites das caixas e de lhes limpar o pó era tudo cuidadosamente colocado à moda da minha mãe que deixava as luzes para o fim alegando que não tinha jeito nenhum com aquilo. A verdade é que as luzes estavam sempre fundidas porque ela não as arrumava de acordo com as instruções do meu pai, ou seja, tínhamos sempre que comprar umas novas. No meio disto tudo quem eu acho que se divertia mais era a gata que saltava de caixa em caixa à procura de duas ovelhas felpudas que a minha mãe amava colocar no presépio. Elas eram um pouco disformes e feias mas nada demovia a minha mãe de as colocar no presépio. O curioso era, à noite, percebermos que no meio de presépio, entre as ovelhinhas, estava a gata, cuidadosamente colocada para não perturbar a cena. Eu acho que ela nutria uma paixão assolapada pelos memés e quando percebia que elas eram falsas desatava a trepar pelo pinheiro acima como se não houvesse amanhã e não descansava enquanto não o derrubasse.
O pior de tudo nem era a árvore, as luzes ou as mangueiras luminosas que colocávamos na varanda a anunciar à nossa rua que já estava na altura de fazer a árvore, sim, porque nós éramos sempre os primeiros a fazer aquilo! Eu até acho que os meus vizinhos já tinham a casa enfeitada mas é tão terrível e humilhante colocar as luzes nas varandas que ninguém se atreve a faze-lo sem que haja pelo menos outra casa já iluminada! Por isso a minha mãe encarregava-se de o fazer primeiro e no dia seguinte já toda a rua estava iluminada... Bom, como eu dizia, o pior nem era isso, o pior de tudo era o pai natal que a minha mãe tinha de estimação e que amava ainda mais que as ovelhas toscas. Esse pai natal estava sempre com um sorriso demoníaco e quando se carregava nas costas ele dançava ao som de m
úsicas natalícias. Eu era torturada com isto, com um pai natal que canta e dança e a minha mãe era capaz de passar horas com aquilo ligado! Todos os anos ele era religiosamente guardado na caixa de origem e eram-lhe retiradas as pilhas para que não calcinasse aquilo tudo.

Pois hoje, eu Carlota me confesso: há 3 anos trás coube-me a mim guardar o pai natal na caixa mas eu, com ódio no coração, não retirei lhe as pilhas. A minha mãe lamentou no ano seguinte e perguntou quem tinha guardado o pobre que já não funcionava. Eu disse que não me lembrava, afinal já tinha passado um ano...


2 comentários:

Unknown disse...

Enquanto lia este post não consegui afastar uma certa imagem da minha cabeça... "Tu, no Inferno, sentada ao lado direito do Diabo, a beberem cocktails numa varanda da mansão do Diabo com vista para os rios de lava. Sussurravas piadas ao ouvido do Diabo e ele lançava a cabeça para trás a rir a bandeiras despregadas e ficavam então os dois a dar risadas maléficas! AHAHAHAH" :D
E depois dizias ao Diabo: "Aguenta aí os chevaux que vou chamar um amigo." E aparecia eu da varanda da mansão ao lado a acenar com uma mão e com um cocktail na outra, enquanto os duendes do Diabo me faziam massagens aos pés...

Hmm... não sei... foi só uma imagem que apareceu na minha cabeça... lol
LOB-U

Carlota disse...

Massagens aos pés...Soa mt bem isso! Um dia destes faço um post de nós no inferno! Ta prometido!

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