12 de novembro de 2010

Efemeridades na retrete

Todos nós já tivemos a necessidade de nos deslocarmos a um WC público certamente e é em nome de todas essas idas á casa de banho, sejam elas por aflição, desespero ou alívio, que escrevo hoje este post. A maior parte das pessoas nunca se apercebeu da mui nobre graciosidade com que fomos presenteados quando foi colocada na vida do ser humano a casa de banho pública. Geralmente essas apreciações de deleite debruçam-se sobre outra invenções do homem - a roda, o avião ou a penicilina - mas a verdade é que quase nunca nos apercebemos que o WC público é uma das mais preciosas invenções de sempre!

Já pensaram nos momentos que tiveram dentro de uma casa de banho pública? Ora pensem lá bem, aposto que alguma coisa boa está por aí a surgir. Já todos fomos aflitos à casa de banho e encontramos uma fila daquelas de perder a vista, enquanto pela nossa cabeça surge sempre a ideia que nos vamos esvaziar a qualquer segundo se aquela gente não desaparecer toda. Já choramos numa cabine de WC para que ninguém nos veja e já nos rimos quando nos apercebemos dos sons estranhos que vêm da cabine imediatamente ao lado! Já todos fica-mos sem papel e até já nos aconteceu a descarga de água não funcionar, enquanto nos escapamos muito depressa e esperamos que ninguém entre a seguir para descobrir!
As casas de banho públicas são locais para tudo e mais alguma coisa, até para sexo como todos sabem, mas aquilo que mais me impressiona é o facto de ser um local de meditação e quase de culto...

Toda a gente já escreveu na porta de um WC e quem disser que não escreveu certamente já teve o prazer de se deliciar com poesia gratuita rabiscada por lá. Está provado cientificamente que um dos momentos mais prazeirosos do ser humano é quando faz as suas necessidades e nada melhor para acompanhar um momento desses do que uma leitura rápida de poesia urbana. Eu acho que as mensagens por lá deixadas marcam momentos das vidas de quem lá as escreveu e são mensagens cheias de força e sentimento, porque um simples "Rita ama Pedro" ou "Ivo + Andreia = amor louco e não é pouco" pode significar muito mais do que meros rabiscos na vida dessa pessoa.

Digam lá se não é absolutamente grandioso pensar que os sentimentos de milhares de pessoas cabem dentro daquele simples metro quadrado despido de elementos e onde o único objecto é uma retrete... Ali, onde todo o pobre faz força e todo o rico se caga, vemos surgir um lugar de culto onde o ser humano, no seu elemento mais desprotegido, se sente em maior comunhão com os sentimentos mais íntimos do mundo!


8 comentários:

Ricardo Duarte disse...

Tas enganada. O conceito de fila na casa de banho e um tópico exclusivamente feminino. Não há nem nunca houve, fila na casa de banho dos homens.
Porque ? Simples... porque nos vamos la não para ler, não para escrever, não para chorar, não para rir (as vezes para f**er). Não perdemos tempos infinitos a escolher a sanita que esta melhorzinha, diminuindo a possibilidade de escolha de 10 para 3. Não perdemos 5 minutos e meio rolo de papel higiénico (INDUSTRIAL!) a forrar a retrete. Não precisamos de levar ninguém para segurar ou tomar conta da carteira, enquanto vocês se tentam empoleirar de coqueras em cima da mesma. Sem duvida, o nome do meio do sexo masculino é "pratico".

Em relação as mensagens, admito que é do melhor.
Recentemente aparecem umas novas do genero " Para te divertires a grande liga-me. TóJó 961234567" Isto na casa de banho masculina nao inspira confiança.

O que denoto mais, e isto especialmenta naquelas obras que exigem que me sente, e que o meu tempo passado num WC, mesmo num publico, aumentou imenso desde que os telemoveis teem net. Nem se da conta do tempo passar :) Já vos aconteceu isto ??

Para finalizar, deixo este excerto encontrado noutro Blog:

Ricardo Duarte disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ricardo Duarte disse...

O grande segredo de todas as mulheres em relação aos WCs é que quando pequenas, quem as levava ao WC era a sua mãe. Ela ensinava a limpar o assento com papel higiénico e cuidadosamente colocava tiras de papel no perímetro da sanita e instruía: “Nunca, nunca te sentes numa casa de banho pública”.

E, em seguida, mostrava “a posição”, que consiste em equilibrar-se sobre a sanita numa posição de sentar sem que, no entanto, o corpo entre em contacto com a sanita.

“A Posição” é uma das primeiras lições de vida de uma menina, super importante e necessária, e irá acompanhar-nos por toda a vida. No entanto, ainda hoje, na nossa vida adulta, “a posição” é dolorosamente difícil de manter quando a bexiga está estourando.

Quando nós, gajas, TEMOS de ir ao WC público, geralmente encontramos uma fila de mulheres, que até dá a ideia de que o Brad Pitt deve estar lá dentro. Tu resignas-te e esperas, sorrindo para as outras mulheres que também estão com braços e pernas cruzados na posição oficial de “estou me a mijar às pinguinhas”.

Ricardo Duarte disse...

Finalmente chega a tua vez, isso, se não entrar a típica mãe com a menina ao colo que não consegue segurar-se mais. Tu, então verificas cada cubículo por baixo da porta para ver se há pernas. Todos estão ocupados. É sempre assim.

Finalmente, um se abre e tu lanças-te na sua direcção quase puxando a pessoa que está a sair. Tu entras e percebes que o trinco não funciona. Aliás, nunca funciona. Tu então penduras a bolsa no gancho que há na porta e se não há gancho (quase nunca há gancho), inspecionas a área.

O chão está cheio de líquidos não identificados e tu não te atreves a deixar a mala ali. Então penduras-a no pescoço enquanto observas como ela balança sobre o teu corpo, sem contar que és quase decapitada pela alça porque a mala está cheia de bugigangas que foram enfiadas lá dentro, a maioria das quais nem se usam, mas que guardamos porque nunca se sabe.

Mas, voltando à porta… Como não tinha trinco, a única opção é segurá-la com uma mão, enquanto a outra naixa as cuecas com um puxão repentino. Colocamo-nos “na posição”.

* Alívio… AAhhhhhh… Finalmente! *

Ricardo Duarte disse...

Nesse momento os músculos começam a tremer. Tu estás suspensa no ar, com as pernas flectidas e as cuecas a cortar a circulação das pernas, o braço a fazer força contra a porta e uma mala de 5 kg pendurada no pescoço.

Tu adorarias sentar-te, mas não tiveste tempo de limpar o assento nem de cobrir a sanita com papel higiénico. No fundo, tu acreditas que nada vai acontecer, mas a voz de tua mãe ecoa na tua cabeça “jamais sente numa sanita pública!” e, assim, tu manténs “a posição” com o tremor nas pernas.

E, por um erro de cálculo na distância, um jacto finíssimo salpica o teu próprio rabo e molha até as tuas meias! Por sorte, não molha os sapatos. Adoptar “a posição” requer grande concentração. Para tirar essa desgraça da cabeça, tu procuras o rolo de papel higiénico, maaassss, puuuuta que o pariuuuu! O rolo está vazio. Isso acontece sempre.

Então tu pedes aos céus para que, nos 5kg de bugigangas que carregas na mala, haja pelo menos um miserável lenço de papel. Mas, para procurar na bolsa, tu tens que soltar a porta. Ainda pensas por uns momentos, mas não há opção.

E, assim que tu soltas a porta, alguém a empurra e tu tens que travá-la com um movimento rápido e brusco enquanto gritas OCUPAAADOOOO!

Aí, tu consideras que todas as mulheres que esperam lá fora ouviram o recado e tu podes soltar a porta sem medo, pois ninguém tentará abri-la novamente (nisso, nós mulheres respeitamos muito) e tu podes procurar o teu lenço sem angústia.

Ricardo Duarte disse...

Tu gostarias de usar todos, mas quão valiosos são em casos similares e tu guardas um, por via das dúvidas. Tu começas então a contar os segundos que faltam para saires dali, suando porque estás vestindo o casaco já que não há gancho na porta ou cabide para pendurá-lo.

É incrível o calor que faz nestes lugares tão pequenos e nessa posição de força que parece que as coxas e as nádegas vão explodir. Sem falar da porrada que tu levaste da porta, a dor na nuca pela alça da bolsa, o suor que corre da testa, as pernas salpicadas.

A lembrança da tua mãe, que estaria morrendo de vergonha se te visse assim, porque o teu rabo nunca tocou na sanita de uma WC pública, porque, francamente, “tu não sabes que doenças podes apanhar ali”. Aí tu estás exausta.

Ao ficar de pé tu não sentes mais as pernas. Tu ajeitas a roupa rapidíssimo e tiras a alça da mala por cima da cabeça! Então, vais ao lavatório lavar as mãos. Está tudo cheio de água, então não podes soltar a mala nem por um segundo. Penduras-a num ombro, e não sabendo como funciona a torneira automática, tocas nela até que consegue fazer sair um jacto de água fresca e estendes a mão em busca de sabão.

Lavas-te na posição de corcunda de notre dame para não deixar a mala escorregar para debaixo do jacto de água. O secador? Nem usas. É um traste inútil, então secas as mãos na roupa porque nem pensar usar o último lenço de papel que sobrou na mala para isso.

Finalmente sais do inferno. Sorte se um pedaço de papel higiénico não vier agarrado ao sapato, ou pior, a saia levantada, presa nos collants, que tiveste de levantar à velocidade da luz, e deixou-te com o rabo à mostra! Nesse momento, tu vês o teu namorado que entrou e saiu do WC masculino e ainda teve tempo de sobra para ler um livro enquanto esperava por ti.

“Por que demoraste tanto?” — pergunta o idiota.

Tu limitas-te a responder: “A fila estava enorme”

E esta é a razão porque as mulheres vão ao WC em grupo. Por solidariedade, já que uma segura na tua mala e o casaco, a outra segura a porta e assim fica muito mais simples e rápido já que vocês, homens, só têm que se concentrar em manter “a posição” e a dignidade.

Obrigada a todas as amigas que já me acompanharam ao banheiro.

Ricardo Duarte disse...
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Ricardo Duarte disse...
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